A construção de um sonho - o espaço Ju Amora

Quando o Ju Amora nasceu, ele era apenas uma possibilidade, um sonho que muitas vezes era incompreendido.
Da primeira banqueta lá no final de 2012 até aqui foi uma longa e as vezes dura caminhada.
Não posso reclamar, mesmo nas adversidades eu estava feliz, pois sempre acreditei que seria possível ter meu espaço pelo mundo e em São Paulo.

Conforme os anos foram passando, o meu sonho passou a ser compartilhado por mais gente.
Até que no comecinho de 2016 já era tempo, finalmente realizaria meu sonho, teria meu ateliê, um lugar gostoso para receber as pessoas, para produzir , criar e compartilhar.

Começou minha busca, procurei, procurei....
No início o meu foco era o bairro de Pinheiros, mas, me frustrava a cada aluguel milionário com casa que exigiriam uma reforma daquelas.

Mas,Pinheiros? Por que mesmo?

Resolvi esquecer este bairro e voltar pra minhas origens, decidi então que encontraria meu ateliê no bairro em que eu nasci e em que nasceu o Ju Amora também. Perdizes!

E para minha frustração... Mais alugueis caros e casas por reformar.

Quando estava quase desistindo, resolvi procurar uma corretora, uma antiga amiga dos meus pais.
E colada a imobiliária (colada mesmo, parede com parede) tinha uma casinha anos 60 com cobogós na janela.

E para não dizer que os sinais não brincam em serviço, essa casa era bem em frente ao prédio do meu padrinho já falecido, que sei que amaria saber que me tornei Amora. :-)

Esta era a casa Minerva, 90!

Sandrinha, a corretora já avisou:

"Olha, esta casa pode ser uma graça, mas, talvez não seja o que você procura... Vai precisar de visão e uma boa reforma... Quer olhar assim mesmo? "

Ora, mas é claro que queria olhar assim mesmo. Já havia olhado tantas casas, me frustrado com elas, mas, senti desde o início que esta casa seria diferente.Afinal era na Rua do meu padrinho a Rua da deusa Minerva, deusa das artes na mitologia grega.

E para quem me conhece (nem precisa ser muito) sabe como esses sinais da vida me empolgam.

Pois bem, abro a porta e dou de cara com isso:

Meu Deus! Que casa judiada. Como era feia a coitada, triste sem vida...

Era uma casa de apenas possibilidades eu pensei.

Mas, e o Ju Amora não era isso mesmo... No inicio apenas possibilidades...

Por mim, fechou!

Mas, claro. Tomar uma decisão como esta nos traz tantas inseguranças, incertezas... "Será que tô fazendo uma cagada?" Pensei.

Chamei meus pais para verem a casa e a cara deles não foi tão animadora.

Então resolvi pensar...

E pensei durante uma semana e para minha surpresa, nesta semana reflexiva a casa havia sido alugada.

Fiquei estranhamente chateada. Eu nem estava certa que pegaria aquela casa. mas, fiquei chateada.

A ponto de desistir por um tempo de procurar um lugar para montar meu ateliê...

Retomei a busca por este lugar dois meses e meio depois e teimosa (persistente para ser mais simpática comigo mesma rs ) resolvi passar pela Rua Minerva novamente. Ah! Eu quero uma casinha aqui, será que não tem alguma que não percebi?

E para minha surpresa, estava lá a Minerva, 90 com uma placa de aluga-se novamente.

NÂO ACREDITOOOOO!!!!!!!!!

Desci correndo do carro, fui até a imobiliária e num ato impulsivo mesmo, disse, vou alugar!

Foi o tempo de organizar a papelada exigida e pronto.

Já estava com o contrato em mãos.

Estava que não me aguentava de tanta felicidade.

Mal sabia eu que isso era só o começo mesmo...

Contratei dois pedreiros, muito queridos e de boa energia. O Zé era quem comandava a obra e eu era sua segunda assistente.

Ah! Vocês acham que eu não colocaria a mão na massa... Coloquei e literalmente.

E minha primeira decisão foi.

Que ver o céu! Quero ter plantas e parede de tijolinho...

Logo foi embora as telhas daquele que seria meu quintal.

Também mandei embora aqueles cubos de vidro desordenados, para dar lugar a uma vitrine para que eu pudesse ver minhas plantas e a luz entrar.

Ainda possibilidades....

O piso bege esquisito e aquele sofá de alvenaria foram embora.

A parede do fundo foi descascada para mostrar os tijolos originais da casa.

Quando pensei no espaço, logo imaginei cimento queimado na sala principal.

Mas, com a grana curta para a reforma, teria que avaliar melhor.

Então, meu ex companheiro que na época estávamos em processo de separação, me deu de "presente de divórcio", como chamou. rs Obrigada Loro!:-)

Ah! Sim, como se não bastasse uma reforma daquelas, estava passando por uma dolorosa separação e uma mais dolorosa ainda bursite no ombro direito.

Só para dar mais dramaticidade a história.

Claro, como boa pisciana não poderia ser diferente. rs

Os pedreiro tiveram que deixar a obra e a partir dali continuaria sozinha.

Meu pai quis me ajudar com a pintura e minha mãe depois com a limpeza do espaço.

Sempre fui muito independente, já havia saído da casa dos meus pais ha muitos anos, tinha uma dificuldade enorme em aceitar ajuda.

Mas, aquele era um momento diferente.

E eu queria ter a energia naquela casa, das suas pessoas que mais amo e admiro nesta vida.

Eles passaram um dia inteiro me ajudando e a partir dai segui.

Colocando azulejo naquela que transformei em cozinha.

Colocando cores nas paredes e plantando.

"plantar para colher"

Comecei uma arte na parede do que seria a loja.

Já havia experimentado fazer arte em mural antes, mas, essa parede seria a parede do meu espaço, e confesso que fiquei um pouco insegura . "Será que vai ficar bom? Será que vai combinar com o espaço? Será que vão gostar? "